quarta-feira, 19 de junho de 2013

O povo na democracia não precisa depredar, agredir e destruir

Por vezes, dá vergonha de ser brasileiro, de saber que vivemos num país onde a liberdade de expressão é total, os recursos são ilimitados, a diversidade cultural é motivo de inveja para muitos países e a democracia é uma das mais consolidadas do mundo e, apesar de tudo, ainda temos uma grande leva de pessoas dependente das benesses do governo.
Temos liberdade de ir e vir, de votar ou nem votar, de escolher a profissão, de pichar muros, de falar o que nos vem à cabeça sem o menor discernimento e sermos ainda aclamados nas redes sociais. Temos o direito de escrever, de espernear, de protestar, seja qual for o meio escolhido para isso: jornal, tevê, rádio, charge, piadas e muros inocentes violentados pela pichação alheia.
Portanto, a questão não é a democracia, mas o tipo de democracia que queremos adotar e vender para o mundo. Isso nos dá o direito de incendiar o patrimônio público e alheio como se fosse a coisa mais normal do mundo em nome de algo que resolvemos chamar de democracia. Isso não nos dá o direito de colocar a própria vida e a segurança dos nossos familiares em risco? Democracia agora tem um novo nome: quebra-quebra, baderna, violência?
Será que não estamos regredindo ao utilizar o mesmo modelo democrático de vinte ou trinta anos atrás da esquerda rotulada como comunista e radical que tirou o Collor do poder e desbancou a direita neoliberal? Estamos vivendo, literalmente, a Revolução dos Bichos, tão bem discorrida por George Orwell? Queremos expulsar os atuais e assumir o lugar dos próximos porcos com aconteceu nos últimos 120 anos?
Engana-se quem pensa que não me importo com tudo isso. Tenho nojo de toda essa maracutaia travestida de democracia, dessa bandidagem disfarçada de liberdade de expressão e de pensamento, dessa sordidez enrustida no discurso daqueles que aprenderam a manipular a massa sem escrúpulos, em nome do poder e de interesses exclusivamente pessoais.
Certamente, o poder público nos enoja e não serve de modelo para ninguém. Certamente, o nosso modelo policial, orientado predominantemente para a repressão, carrega resquícios de uma cruel ditadura impregnada nas entranhas de uma ditadura silenciosa travestida de democracia embrionária.
Admiro quem dá a cara para bater, mas, não posso crer que as pessoas sejam tão irresponsáveis e egoístas a ponto de comprometer a própria segurança e a de seus familiares em nome daquilo que acreditamos ser uma democracia.
Se a democracia está definitivamente nas mãos do povo, não precisamos da violência nem da destruição do patrimônio alheio. É o protesto silencioso, em forma de redução do consumo, de voto nulo, de voto consciente, de mobilização dos formadores de opinião e da educação de primeira linha que vai nos tirar do lamaçal que o próprio povo ajudou a construir.
Por Jerônimo Mendes, Administrador, Professor Universitário e Palestrante    http://www.franciscocastro.com.br/blog/

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