segunda-feira, 10 de junho de 2013

O perfume exagerado do ciúme pode levar a resultados trágicos

Dizem que o ciúme é o perfume do amor. Mas não seria o fedor? Na verdade, pode ser um ou outro: depende da intensidade, da realidade e da verdade. São limites complicados para os que se desvalorizam nas relações afetivas. O excesso do ciúme fede tanto quanto o perfume colocado em exagero. E é o mau cheiro que acaba com certos relacionamentos.
O ciumento deseja a todo custo a posse do objeto de amor, a pessoa amada. Quer ela de qualquer jeito somente para si. A possibilidade, o risco e a fantasia de que ele ou ela sejam de mais alguém são capazes de enlouquecê-lo. É nessa ânsia de possuir que o ciumento inventa flertes e romances inexistentes, que apenas são possíveis dentro da sua insegurança sem tamanho. Quase deseja e acaba traído por causa de hipóteses absurdas.
Dentro dessa possibilidade de ser passado para trás, ele ou ela revela, sem saber, uma terrível baixa autoestima. É como se não valesse nada para o outro ou não soubesse o quanto vale. Simplesmente não percebe a intensidade com que valoriza o objeto de amor em detrimento dele ou dela próprio(a).
A vítima do ciúme, estarrecida, acaba supervalorizada. Sua autoestima vai às alturas e ela se sente, do modo como o ciumento o(a) ensinou, tudo de bom, o máximo! Revestido por esses sentimentos, olha-se no espelho e começa verdadeiramente a ver o parceiro ciumento como o nada que ele, sem se dar conta, se transforma.
A essa altura, o objeto do ciúme já está a um passo da traição de fato. Autoestima elevada e a cabeça quente causada pelas brigas sem um motivo real são os ingredientes infalíveis para que uma traição aconteça. Fama sem proveito? De modo algum. Ciumentos de plantão, cuidado, são vocês que levam seus parceiros ao adultério com o fedor que exala do perfume exagerado do ciúme.
Por Fernando Scarpa, psicanalista

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