domingo, 2 de junho de 2013

A classe média tradicional do Brasil teve mais perdas do que ganhos nos últimos 10 anos

Apesar de muita gente ter saído ganhando na última década aqui no Brasil, um grupo da nossa sociedade não teve muitos ganhos com a dinâmica na nossa economia que levou ao aumento de renda e padrão de vida de vários estratos da nossa sociedade. Refiro-me a boa parte das pessoas pertencentes à chamada classe média-média, a classe média tradicional. Ou seja, aquelas pessoas pertencentes às classes B ou A. São milhões de famílias que utilizavam a própria renda com folga até pouco tempo atrás no atendimento de suas demandas, atualmente já não possuem folga no orçamento para atender às suas necessidades.
As pessoas pertencentes a esse grupo são geralmente assalariados com salários razoáveis e empreendedores com negócios de pequeno e médio porte com relativo sucesso em suas áreas de atuação. Na grande maioria das vezes são profissionais com nível superior, muito bem formado e razoável grau de conhecimento. Essas pessoas são acostumadas a frequentar restaurantes, bares, cinemas e shows com certo nível de sofisticação. Não raramente, viajam para o exterior com a família ou com amigos. É um grupo considerável constituído de 21,5 milhões de pessoas, que corresponde a 11,2% da população brasileira. Essa classe representa em torno de 25% do consumo do País, que em valor de 2013 corresponde a cerca de R$ 800 bilhões por ano.
A classe média tradicional é responsável por 86% das matrículas em escolas particulares, 78% das viagens e 74% dos gastos com lazer e cultura do Brasil. Apesar dessa classe ter tido alguns benefícios nos últimos dez anos, foi a que menos teve ganhos líquidos. De todas as classes sociais no Brasil, ela foi a que menos ganhou, em muitos aspectos teve perdas consideráveis.
O calcanhar de Aquiles dessa classe social nos últimos tempos tem sido a inflação de diversos tipos de serviços que possuem pouco impactos na composição da inflação oficial. O peso do aumento de preços desses serviços é muito baixo no momento de medir a inflação, tanto o IPCA quanto o IGPM. Por exemplo, o aumento de preços dos alimentos afeta toda a população, embora afete mais aos mais pobres.  O que tem afetado de forma significativo o poder de compra da classe média tradicional é a chamada inflação de serviços. Ela é composta de itens como escolas, planos de saúde, empregados domésticos, restaurantes e viagens, que possuem peso maior no orçamento das famílias com renda maior do que aquelas pessoas da chamada classe média baixa. No IPCA, índice da inflação oficial, calculado pelo IBGE, os serviços representam apenas 20% do total, embora correspondam entre 60% e 70% dos gastos familiares nas faixas de renda correspondentes à classe média tradicional.

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